sábado, 29 de novembro de 2008

Cacaca da Petrobras

Quando pequeno, mamãe Regina sempre me alertava para não fazer merda com a seguinte frase:

_ Não vai fazer cacaca!

De lá para cá, sempre tive isso em mente para evitar maiores aborrecimentos e para não pular em ambientes de odores desagradáveis.

Pois cacaca foi o que acabou de fazer a Petrobras. Exemplo de tecnologia brasileira, orgulho do governo, acaba de perder o reconhecimento de empresa ambientalmente responsável justamente por fazer cacaca.

É que a empresa se negou a cumprir a Resolução 315/2002 do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) determinando a redução do teor de enxofre no diesel, norma que deveria ser cumprida até 1º de janeiro de 2009.

O combustível comercializado no país deveria apresentar concentração máxima de 50 ppm (parte por milhão) de enxofre. Atualmente varia entre 500 ppm nas regiões metropolitanas e 2.000 ppm nas cidades do interior e nas zonas rurais.

Na Europa, a concentração do enxofre admitida no combustível comercializado é de 50 ppm. Nos Estados Unidos já se encontra diesel com 15 ppm e, no Japão, a legislação impõe que o combustível tenha no máximo 10 ppm de enxofre.

A birra da Petrobras a afastou do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa. Isso pode influir nos ganhos da empresa no mercado de ações. Três bolsas têm esse índice no mundo: Londres, Nova Iorque e São Paulo.

Insistiu no diesel sujo e, além de dar mau exemplo, fez uma cacaca bilionária. É que os fundos de investimento costumam levar em conta recomendações do International Finance Corporation (IFC) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que agora colocam a Petrobras em sua lista negra.

E pior: Além de perder dinheiro, a estatal brasileira ainda “se lixa” para a saúde da população. Estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) aponta que, nos dias mais poluídos na Região Metropolitana de São Paulo, o número de internações por doenças respiratórias cresce cerca de 8% e a mortalidade geral aumenta de 4% a 6% em virtude a concentração de enxofre no ar.

O prejuízo aos cofres públicos chega a R$ 3,2 bilhões por ano com o agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias provadas pela alta concentração de enxofre no combustível.

Por essa e por outras que a senadora Marina Silva (PT-AC) jogou para o alto o Ministério do Meio Ambiente e deu um pé na bunda do governo Lula.

Nenhum comentário: