Eram 16 horas em Brasília. A maior rede de televisão do país tinha nas mãos um vídeo que incriminava a cúpula do PMDB, no meio dela o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, no escândalo do “mensalão do DEM”. Estou até dando um desconto, pois foi nesse horário que fiquei sabendo da notícia que não saiu no telejornal.
Uma hora depois, comendo um panetone que distribuiam na entrada anexo 2 da Câmara dos Deputados, recebi a notícia do teor de uma nota de Temer sobre a “bomba” que não saiu no telejornal.
Já pelas sete da noite, na minha sala, fui informado que havia uma “tocaia” na casa da fonte da notícia. Jornalistas estavam desesperados. A maior rede de televisão do país iria dar “o furo” em seu principal noticiário e eles teriam que “correr atrás”.
Fiquei aguardando o telejornal. Começou, terminou...e nada.
O portal de notícias da organização que comanda a emissora também não registra.
Às 21h06 o Portal IG trouxe a notícia em destaque, com vídeo e tudo. Relatava que “conversa gravada no dia 17 de setembro de 2009, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa e o empresário Alcir Collaço, dono do jornal Tribuna do Brasil, conversam sobre números que traduziriam valores remetidos a parlamentares do PMDB: Tadeu Filippelli (DF), Henrique Eduardo Alves (RN), Eduardo Cunha (RJ) e o presidente da Câmara, Michel Temer (SP)”. Durval, o grampeador da vez, dizia no vídeo divulgado pelo IG que “R$ 500 mil para o Filippelli para fazer... vai R$ 100 mil para o Michel, R$ 100 mil para o Eduardo e R$ 100 para o Henrique Alves. São 800 pau”.
A Folha Online deu, às 21h57, nota de Temer negando envolvimento com o esquema.
Às 22h03, o Congresso em Foco registrava.
O Blog do Noblat repercutiu a notícia às 22h30
Às 22h31 o IG traz às explicações de Temer.
O Portal Terra dá a notícia às 22h46.
Fluminense perde mais uma final para a LDU. Entra o segundo jornal da maior emissora. Começou, terminou...e nada.
Por volta da meia noite o IG sumiu com o destaque. Tirou a notícia da “capa” do Portal, das "capas" internas. Não dava para achar fácil a “bichinha”. Mas no Google era possível encontrar (será que os links ainda funcionam?).
Nenhum dos principais sites de notícia também mantinha destaque.
Estou indo dormir com gosto de “panetone azedo” na boca.
Não sei se a justiça interferiu, se alguém amarelou, se a edição achou que não era notícia ou se surgiu uma dor de “barriga” tremenda.
Se o caso é de “congestã”, ela é grave. Pois no dia anterior toda a mídia nacional deu destaque, em alguns casos até sensacionalistas, para vídeos semelhantes atingindo outros políticos, todos de oposição ao governo Lula. Assim como no caso de Temer, Durval, em conversa com interlocutores, citava nomes de pessoas e as quantias que elas recebiam em dinheiro do esquema. Um bate papo sem flagrante da entrega de notas.
Diferente dos outros vídeos natalinos, entre eles o flagrante do governador Arruda, que escancaram a farra das malas, pacotes, meias e cueca recheadas.
Só me resta uma certeza: O nosso Globo dá voltas em torno de uma estrela.
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