Do alto do 7º andar abri a janela do apartamento para averiguar o clima. Tudo certo. Farol da Barra sendo fotografado, o cheirinho do acarajé subindo, gringos abordados por ambulantes na orla e o sol forte castigando. Mais um dia de praia em minhas férias forçadas em Salvador. Desempregado sim, mas com direito a mergulho matinal na Bahia de Todos os Santos.
Era 1998, ano em que a população ainda tentava se acostumar com o novo Código Brasileiro de Trânsito. Já tinha sacado que o guardinha da esquina estava doido para multar os pedestres que ainda atravessavam fora da faixa. Agora era lei e a autoridade dele tinha inflado.
Saia da portaria, sem camisa e de chinelão de dedo. Vacilava entre atravessar a rua direto do portão para a orla ou caminhar uns 50 metros até a faixa. Preguiça da Porra!
Foi aí que se deu a cena. Robinson era um moleque de uns 15 anos que lavava carros ali na minha área, carregava uns pacotes pras velhinhas e arrumava uns bagulhos pra rapaziada. Vivia me pedindo um real. Naquele dia desafiou o guardinha.
Saiu disparado cruzando a rua fora da faixa bem na frente da autoridade de trânsito.
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!
_ Oh moleque! Não sabe não que agora atravessar a rua fora da faixa dá multa?
Parado na linha amarela que separa a mão da contramão, Robinson baixou as calças, de costas para o guarda, e respondeu:
_ Anota a placa aí, meu rei!
O guardinha caiu na gargalhada enquanto eu me estrebuchava no meio-fio e gritava pelo moleque:
_ Vem cá Robinson, hoje vou te dar dez reais.
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